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Tucano Virgílio passa de fênix a novo morubixaba no Amazonas

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No auge de sua glória política, pouco mais de quatro anos atrás, o ex-presidente Lula propalava para aliados que queria aposentar adversários, ou encerrar as suas carreiras políticas, e elencou seus principais alvos: Excluir do Senado nomes importantes do PSDB como Tasso Jereissati, Arthur Virgílio e Sérgio Guerra (in memoriam), entre outros. De certa forma conseguiu. Jereissati voltou para os negócios, Guerra preferiu uma eleição vitoriosa para a Câmara e Virgílio foi derrotado por Vanessa Grazziotin (PCdoB). Opositor mais ferrenho de Lula e do PT, Virgílio foi para Portugal e muitos deram sua vida pública como encerrada. Seu retorno em 2012 e a eleição para a prefeitura de Manaus – com vitória sobre Grazziotin, num tira-teima de 2010 – mostraram que o tucano tornou-se uma fênix da política nacional.

É comum no bordão popular e na literatura política classificar líderes partidários e mandatários poderosos como caciques – o Brasil está cheio deles, de Norte a Sul. Não é diferente na cosmopolita Manaus. Ao ressurgir forte na capital, embora longe do cenário nacional, o prefeito Arthur Virgílio Neto tornou-se um dos novos caciques da política local, ou o morubixaba escolhido pelos manauaras. Morubixaba é o manda-chuva, chefe temporal, conta o dicionário. E também no vocabulário do poder amazonense. Já foram morubixabas recentes Amazonino Mendes e Eduardo Braga, que perdeu a eleição para o governo do Amazonas. Braga ‘caiu para cima’ e foi nomeado ministro de Minas e Energia (no cargo, empurrou para Deus a responsabilidade do setor elétrico e de literalmente mandar chuva para que se evite apagão).

Ainda sob desconfiança, os manauaras deram chance a Virgílio de se reerguer, e ele tem se esforçado para isso. Assumiu a prefeitura inchada com 33 secretarias, reduziu para 23 e agora quer tocar o governo com 19 pastas. Em tempos de recessão na economia, segue a linha de outros gestores e pretende segurar 12,6% do Orçamento de R$ 4 bilhões deste ano. Também estuda cortar 300 cargos comissionados, reduzir em R$ 10 milhões os custos com frota veicular e renegociar a dívida ativa do município com os bancos – almeja assim segurar mais uns R$ 100 milhões.

Boa vontade, obviamente, não falta. Caberá a Virgílio provar a competência para isso, e também a manha política para gerir com o apoio da Câmara Municipal – ele elegeu os últimos dois presidentes. Virgílio renasceu devagar para a política desde 2012, sem a atenção dos adversários do Sul do País que olham para os próprios umbigos e não observam o potencial do Norte que elege expoentes como Vanessa, Eduardo e o senador eleito Omar Aziz – outro morubixaba que hoje anda de mãos dadas com o prefeito. Bem avaliado, Virgílio elegeu o filho Arthur Bisneto o deputado federal mais votado do Estado. E os números que têm em mãos não o desmentem: pesquisas internas apontavam que, se candidato ao governo ano passado, venceria com folga.

O prefeito não quis deixar o mandato pela metade, sabe que há muito a fazer no município. E também porque apoiou incondicionalmente o governador eleito José Melo (PROS) – na última terça abraçou o aliado no velório da mãe do governador, antes de conversar com o repórter ao telefone. Abatido, revelava nas palavras a sensação de impotência do homem diante da morte, a única das certezas da vida. E tem investido em vidas – construiu mais 12 creches (Acredite, Manaus, com mais de um milhão de habitantes, só tinha uma até poucos anos atrás). Na esteira, ergueu também 22 Unidades Básicas de Saúde, para atendimentos emergenciais e clínicos, a exemplo das famosas UPAs do Rio de Janeiro.

Na saga de não-aliado do governo federal, diz que espera contar com o bom senso da União em prol dos manauaras. Ano passado teve dedos de prosa com o chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, atrás de recursos de ministérios para a prefeitura (Manaus tem contado apenas com os repasses constitucionais obrigatórios). Contará agora com a atuação do filho em Brasília, que terá muito de competência a provar. Outro teste.

Virgílio é candidato à reeleição, essa é outra certeza no projeto político. A incerteza está na vaga do vice na chapa. Hoje, disputam a indicação o ex-deputado estadual Marcelo Ramos (PSB) e o atual presidente da Assembleia Legislativa, Josué Neto (PSD).

Um detalhe. Atentem para o paulista-manauara Omar Aziz (PSD). Um vice discreto de Eduardo Braga no governo, assumiu a vaga, foi reeleito em primeiro turno, fez o sucessor em 2014, elegeu-se senador e ainda enterrou a pretensão do ex-aliado de voltar ao Governo. Caiu nas graças do presidente do PSD, Gilberto Kassab, e pode surpreender muitos colegas no Senado que se acham professores de estratégia.

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