Não tem a ver com Jair Bolsonaro. O presidente norte-americano Donald Trump é protecionista, está fechado com as big techs dos EUA e quer fazer valer sua política internacional. A Coluna tem conversado há meses com dezenas de diplomatas de diferentes países que acompanham o cenário. Aos fatos:
Trump tem uma agenda muito bem preparada pela sua assessoria internacional. Acompanha assuntos de mais de 100 países que lhe interessam. Havia esta semana um espaço para dedicar 10 minutos ao Brasil.
No pacote tinha afago ao ex-presidente Bolsonaro e pau na China e Rússia, seus rivais diretos no livre mercado. E como seria? Através do Brasil, que se alinhou aos dois, ao Irã, e através de falas do presidente Lula da Silva tem provocado os EUA, principalmente agora como presidente do bloco dos BRICS.
Então vem o cenário que motivou a taxação de 50% do Governo dos EUA as exportações do Brasil para lá. A China matou o Mercosul, está negociando direto com os países do bloco, e em outra ponta está engolindo os BRICS. Os EUA, que passaram para o 2° parceiro bilateral no Brasil, perceberam que vão perder mais ainda do comércio precioso com nosso País. Trump meteu a taxação pra provocar e depois negociar o que ele quer. Tem sido assim com todos os países com os quais quer conversar (e, claro, impor sua vontade controversa).
Na justificativa desta quarta-feira (9), ele enfiou tudo num texto só. Tem big tech, tem “direitos humanos” por Bolsonaro, tem comércio e tudo isso logo depois de se meter a falar do Judiciario do Brasil e defender o réu Bolsonaro, uma atitude política.
No entanto, não se pode associar a proximidade verbal ideológica com as medidas protecionistas que o americano tem adotado com numerosos países. O saladão do texto de Trump causou aqui a confusão que ele queria. Mas o Governo do Brasil sabe bem que o dedo do tio Sam aloprado apontado para cá não é para defender o ex-presidente, e sim para preservar o seu bolso.