Por Leandro Mazzini, editor da Coluna
Existem situações no mercado em que as pessoas preparam as próprias tempestades nos seus caminhos. É o caso de um casal. Carlos Orlando Enrique da Silva deixou a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e assumiu a Diretoria de Downstream do Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP) — a entidade que reúne as grandes companhias do setor de combustíveis, concorrentes diretas da Refit.
O movimento, embora dentro das regras, causou desconforto entre técnicos e executivos do setor. Enquanto Carlos Orlando passou a representar os interesses privados dessas empresas, sua esposa, Renata Bona, continuou na ANP, como principal assessora da diretora Symone Araújo, uma das vozes mais influentes dentro da agência.
O detalhe é que da mesma diretoria do IBP sob o comando de Carlos Orlando partiram relatórios e manifestações críticas à Refit — justamente no período em que, do lado da ANP, Symone Araújo e Pietro Mendes coordenaram uma fiscalização sigilosa contra a empresa no Rio.
Nada parece fora da ordem, mas o arranjo soa, no mínimo, incômodo: o marido produz análises contra uma empresa que a esposa ajuda a fiscalizar. Em Brasília, chamam isso de “coincidência”. No mercado, preferem outro nome: conflito de interesses.
Procurada, a ANP respondeu que a transição do ex-diretor para o mercado privado ocorreu dentro da legalidade e não vê conflito de interesses com a esposa na agência.

