A Agência Nacional do Petróleo (ANP) desbaratou o maior esquema de adulteração de combustíveis com metanol já identificado no Brasil. O caso, que mistura tráfico de derivados perigosos, fraude fiscal e conexões com o crime organizado, lança nova luz sobre um velho conhecido das autoridades: o grupo Copape, ligado ao empresário Mohamad Hussein Mourad — apontado pelo Ministério Público de São Paulo e pelo Instituto Combustível Legal (ICL) como o braço do PCC no setor de combustíveis.
O metanol, substância altamente tóxica e prejudicial à saúde dos motoristas – além de danificar motores dos carros -, era escoado a partir do terminal Cattalini, no Porto de Paranaguá, com destino formal a cidades do interior paulista. A Coluna denunciou o caso semana passada: Na prática, o produto era desviado para abastecer postos na capital de São Paulo, sem qualquer controle ou fiscalização efetiva. O golpe burlava não só os sistemas de rastreamento de carga como também os controles estaduais de circulação de combustíveis.
Mais grave: além de danificar os veículos e provocar riscos ambientais, o metanol pode matar pelo simples contato com a pele. Mesmo assim, era usado em larga escala na adulteração da gasolina comum vendida a consumidores desavisados.
O esquema só foi desmantelado após um longo trabalho de inteligência da ANP, que cruzou dados de transporte, notas fiscais e padrões de movimentação logística. O padrão se repetia: os mesmos sócios de empresas envolvidas no esquema de adulteração apareciam ligados a múltiplas razões sociais associadas ao grupo Copape — conglomerado já monitorado há anos por suspeitas de lavagem de dinheiro e vínculos com o crime organizado.
O caso é considerado tão grave que, no processo de cassação da distribuidora envolvida, a ANP determinou o envio imediato dos autos ao Ministério Público do Estado de São Paulo, o que pode levar à abertura de uma nova frente criminal contra os envolvidos. O giroflex está ligado e o camburão na pista…