O custo médio por sessão de hemodiálise no País foi de R$ 343, considerando gastos com pessoal, materiais, utilidades e estrutura. Esse valor não inclui tributos sobre a receita bruta, como ISS (2–5%) e PIS/COFINS (9,25%), que somam, em média, 12,75% adicionais. Com isso, o valor necessário apenas para cobrir os custos operacionais sobe para cerca de R$ 393 por sessão. A remuneração atual da Tabela SUS, de R$ 240,97, representa uma defasagem superior a 38%, comprometendo a sustentabilidade dos serviços, os investimentos em tecnologia e a retenção de profissionais qualificados.
Contratado pela Associação Brasileira dos Centros de Diálise e Transplante (ABCDT) e pela Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) à consultoria Planisa, com base na KPIH — a maior base de dados de custos em saúde da América Latina – o estudo inédito foi concluído esta semana.
Em reunião com o Ministério da Saúde, o estudo foi apresentado ao líder do Departamento de Atenção Especializada e Temática (DAET) da pasta, Arthur Mello, e à coordenadora da Coordenação Geral de Atenção Especializada (CGAE), Carmen Moura.
Atualmente, o País conta com 172.585 pacientes em diálise, sendo 85% atendidos pelo SUS. Desses, 94,6% realizam hemodiálise. O estudo analisou 31 unidades privadas com mais de 1.000 sessões/mês, adotando metodologia técnica rigorosa de custeio por absorção.
O impacto dessa defasagem entre custo real e repasse do Governo Federal já é visível. Em maio de 2025, um levantamento conduzido pela SBN e suas Regionais apontou ao menos 1.095 pacientes internados em todo o Brasil apenas aguardando vaga em clínicas de diálise — uma realidade que se configura como uma crise humanitária silenciosa e inaceitável.
O estudo da Planisa é um instrumento técnico e transparente para subsidiar políticas públicas e renegociações contratuais com o Ministério da Saúde. Não há como garantir a continuidade, a qualidade e a equidade da Terapia Renal Substitutiva no Brasil sem um urgente reequilíbrio financeiro.
Com informações da Assessoria