Leandro Mazzini, editor da Coluna
Na política brasileira é assim: quando não se tem nada para fazer, inventa-se o nada. Bastou o recesso parlamentar começar, a Comissão de Relações Exteriores criou uma “Comissão Temporária Externa para interlocução sobre as relações econômicas bilaterais com os Estados Unidos”. Serão nove senadores com passagens já compradas para os últimos dias de julho.
É algo inócuo, mas oficial, que vai mandar para Washington DC, às custas do cidadão brasileiro, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e um grupo de colegas a fim de dialogar – não se sabe com quem ainda – sobre o tarifaço imposto pelo presidente Donald Trump ao Governo do Brasil.
O séquito compra passagem de primeira-classe para os EUA no momento em que muitos órgãos públicos e congressistas também entram nas férias de verão por lá. O 1º sinal de que a comitiva entra em passeio surge na própria nota oficial. Não há qualquer agenda bilateral comunicada no ofício que confirma a viagem dos senadores Tereza Cristina (PP-MS), Marcos Pontes (PL-SP), Jacques Wagner (PT-BA), Esperidião Amin (PP-SC), Rogério Carvalho (PT-SE), Fernando Farias (MDB-AL), Carlos Viana (Podemos-MG).
Nelsinho Trad (PSD-MS), presidente da CRE, comandará o grupo ao lado de Alcolumbre. A não ser que surja uma carta da Embaixada do Brasil concreta sobre avanços numa negociação direta com a Casa Branca, o time tem tudo para curtir uma semana de passeio no verão americano.