
Por Jerônimo Goergen
Declarações recentes de lideranças do MST, reconhecendo que não há grande expectativa de ampliação da reforma agrária no terceiro governo Lula, apenas confirmam uma realidade que o Brasil já vive há décadas: a reforma agrária clássica, baseada na simples distribuição de terras, não responde mais aos desafios do país.
O Brasil de hoje é um país agrícola, competitivo, produtivo e integrado ao mercado global. Somos líderes mundiais na produção de alimentos, fibras e energia renovável. Esse resultado não veio da fragmentação de propriedades, mas de investimento, tecnologia, segurança jurídica, crédito, pesquisa e empreendedorismo no campo.
Não é a falta de terra que impede a inclusão social no meio rural. O verdadeiro problema está na ausência de renda, de acesso a mercados, de infraestrutura, de assistência técnica e de políticas públicas que fortaleçam quem produz — pequenos, médios e grandes agricultores. Distribuir terra sem condições econômicas, sem apoio técnico e sem integração à cadeia produtiva apenas perpetua pobreza, dependência do Estado e frustração social.
O governo deveria concentrar esforços em criar um ambiente favorável à geração de renda no campo, com crédito acessível, segurança jurídica, estímulo à agroindustrialização, melhoria da logística, conectividade rural e políticas que incentivem a produção sustentável. Isso, sim, gera crescimento econômico, arrecadação, emprego e inclusão social de verdade.
As invasões de propriedades promovidas pelo MST caminham na direção oposta. Além de ilegais, afastam investimentos, criam insegurança jurídica e prejudicam justamente quem trabalha, produz e gera riqueza. Não há justiça social possível quando se normaliza o desrespeito à lei e ao direito de propriedade.
O Brasil precisa olhar para frente. O debate não é mais sobre ocupar terras, mas sobre produzir mais, melhor e com inclusão, garantindo oportunidades reais para quem vive no campo. O caminho do desenvolvimento passa pela produção, não pelo conflito.
Reforma agrária como bandeira ideológica já não dialoga com a realidade de um país que alimenta o mundo. O futuro do campo brasileiro está na renda, na produtividade e na liberdade para empreender.
Jerônimo Goergen
Advogado
Presidente do Instituto Liberdade Econômica

