Por Leandro Mazzini, editor da Coluna
Falar nesta altura do dia se o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, acertou ou errou na mega operação desta terça-feira (28) no Complexo do Alemão contra o Comando Vermelho é um equívoco. A operação era necessária. E ele teve coragem para assumir. Falta isso a governantes hoje. O Governo federal fecha os olhos para o problema do Rio e o presidente só fala em GLO – algo que ele aproveitaria eleitoralmente. Castro pediu blindados à Marinha em janeiro, e não foi atendido. Pediu mais vezes ajuda federal em operações, não foi atendido. Então a fez. Políticos que criticam são oportunistas.
Artistas, comunicadores e “influencers” que atacam o Governo, que faz uma operação dentro da lei, se deixam levar equivocadamente pelo ranço ideológico ou buscam palmas das redes sociais – essa nova praga da vaidade internética. É gente que nunca viu de perto a operação de uma delegacia no Leblon ou como um policial sofre diariamente ou a sociedade se acua cada dia mais.
Eu cobri polícia no Rio por 9 anos. Caí em boca de fumo no Morro do Borel a trabalho com um colega fotógrafo e quase fui morto a tiros. Já ajudei PM a procurar corpo de inocente em bueiro na Favela da Chatuba. Vi uma noite um garoto assaltante da Mangueira ser morto por PM à paisana na 24 de Maio, após tentar roubar uma moto.
Há repórter muito mais experiente que eu, com histórias para contar, mas o que muito vi nesses intensos 9 anos de Rio foi o suficiente para acreditar que só uma ação de enfrentamento, em muitos casos, resolve um cenário dominado por bandidos que se fazem de amigos de moradores. E nunca o são. O medo transforma as pessoas humildes em vítimas dessa realidade, e até coniventes por força maior.
A Polícia em alguns casos erra sim, erra feio. Mas vai com boa vontade, pela lei, pela paz – ao contrário do traficante que atira a esmo, que mata morador que não lhe obedece, que atira para o asfalto e mata inocentes, que assassina liberdades e obriga o humilde a ser escudo.
Até o momento desta publicação, segundo uma fonte, a Polícia está perto de divulgar quase 90 criminosos mortos em confronto – repito, em confronto direto. Num termo oficial, neutralizados. No início dessa noite, foram 81 suspeitos presos e 93 fuzis apreendidos. Dois policiais civis morreram – um foi promovido ontem, e outro estreou na corporação há 40 dias. Um bando de quase 20 se entregou com fuzis e saiu em fila numa casa, e teve a vida preservada. É o tipo de criminoso que faz sequestro-relâmpago, mata por um celular, mata policial à paisana por prazer, fecha avenidas, rouba carga e destroi famílias.
Criticar a Polícia neste momento é um tiro no pé da sociedade que clama por paz. Isso passa por confrontar quem não quer paz, e é isso que a polícia fez. Não é preciso entrar em detalhes aqui, aquela cena que você só vê em filme: há um planejamento para uma operação deste tamanho, há agentes infiltrados na comunidade – e sabem por quê? Porque a comunidade pede ajuda à polícia. Isso você não vê escrito por aí nos textos bem preparados do X atrás de aplausos.
O Comando Vermelho agora tem assessoria de imprensa. Isso mesmo, facção com assessoria… Mas longe de ser uma assessoria, é um trabalho de contra-informação, para prejudicar a inteligência da polícia – que descobriu a tempo o esquema. Eles espalham para seus blogs e influencers associados banners com informações falsas sobre paradeiros dos “irmãos”, como chamam os traficantes. Uma forma de tentar deslocar a polícia para um ponto e o bando fugir por outro.
O governador Cláudio Castro acaba de receber nesta noite uma lista dos 10 líderes do CV detidos em presídios do Rio que mandaram recados para tumultuar a capital com incêndios, sequestros, roubos, assaltos e até ataques a policiais. Pediu ao ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, ajuda para os transferir imediatamente para penitenciárias federais fora do Estado.
Eduardo Paes ajudou – não usou as redes para atacar Castro ou a Polícia, e sim colocar todos os órgãos da prefeitura de prontidão e sua equipe para ajudar a população. Castro fez o mesmo, discretamente. Ambos acertaram.
Castro sabia que seria o alvo principal das críticas da mídia e opositores hoje, mas serenamente resolveu bancar e mantém a postura, assumindo o compromisso com a Segurança, assumindo a responsabilidade da operação e mostrando os números. Foi uma decisão corajosa. Uma hora alguém teria de tomar as rédeas. E o Estado mostrou hoje quem tem a força e quem deve mandar, amparado na lei.
A cidade tornou-se essa tentativa de caldeirão com traficantes impondo terror e medo porque talvez tenha faltado uma ação mais enérgica da SEAP, a Secretaria de Ação Penitenciária, dentro da cadeia – desde cedo poderia ter isolado esses líderes e sem qualquer comunicação com visita ou advogados. E, claro, fazer uma limpa nas celas para apreender eventuais celulares e aparelhos de comunicação.
Foi o que aconteceu à ocasião da operação letal no Jacarezinho, tão criticada à época. Durante a ação, os líderes foram avisados de que se houvesse um “salve” , seriam responsabilizados dentro da lei. Há pouco, a secretária Maria Rosa Nebel correu para entregar os cabeças a Castro. Agora, falta o governo federal ajudar.

