Por Pedro Nonato
“Sois Rei?” – quem não se lembra deste simpático personagem, interpretado por um Jô Soares de joelho, envolvo em um manto real e segurando um cedro dourado? Pois é, me senti exatamente assim ao visitar três lindos palácios perto de Paris: Fontainebleau, Vaux-Le-Vicomte e Versailles.
Fontainebleau, fica no Departamento Seine-et-Marne, a menos de 70 km de Paris e de carro leva-se menos de uma hora e foi lá que Napoleão assinou sua carta de abdicação como Imperador da França, despediu-se das tropas e partiu para seu exílio na Ilha de Elba, em 1814.
Sua fundação remonta há quase nove séculos, no ano de 1137 já era citado em cartas do Rei Louis VII, “O Jovem” e, de uma fortaleza medieval, passou ao mais belo palácio da Renascença Francesa, sob as mãos de François I e, embora por fora pareça menos sofisticado do que Versalhes, sua decoração é extremamente suntuosa.
Criados por Henrique IV, seus jardins cobrem uma área de quase 80 hectares – fruto do desmatamento de parte de sua floresta, que servia como reserva real de caça – com acesso a lagos e canais e ficou conhecido como a “morada dos soberanos” e entre seus moradores ilustres podemos citar: Philippe-Auguste (mais tarde canonizado, com o nome de Saint Louis); Philippe, “O Belo”; François I; Henri II, Henri IV, Louis XIII, Louis XIV, Louis XV, Louis XVI, Napoleão I e até Napoleão III.
Vaux-le-Vicomte foi construído no metade do século XVII, em estilo barroco e também fica no Departamento Seine-et-Marne e de carro chega-se em bem menos de uma hora, já que fica a menos de 60 km de Paris.
Seu dono e construtor, o Superintendente das Finanças de Luís XIV, Nicolas Fouquet, contratou os melhores profissionais da época para assessorá-lo em sua construção: o arquiteto Louis Le Vau, o pintor Charles Le Brun e o paisagista André Le Nôtre.
Imaginem que estes mesmos profissionais serviram a Luís XIV na construção de Versailles, logo após a prisão, processo e julgamento de Fouquet, outrora um grande mecenas das artes, da música, da literatura, protegendo e patrocinando talentos como La Fontaine, Molière, Madame de Sévigné, Pellisson e Scarron, entre outros.
Seus jardins foram considerados como os primeiros “Jardins a la Française” e hoje o palácio é a maior propriedade privada a possuir o título de “Monument Historique” na França.
Já Versailles, contudo, é superlativo, tudo é enorme, das somas investidas em sua construção, aos milhares de operários, aos imensos jardins, em resultado final.
Com Louis XIV quase atingindo a maioridade, seus tutores procuravam um local onde pudessem instalar o Rei e sua corte fora de Paris, que sofria com tumultos e doenças.
O local escolhido foi o antigo pavilhão de caça de Louis XIII, na pequena cidade de Versailles, no Departamento de Yvelines, a menos de 20km de Paris que, se percorridos em carro, leva-se menos de meia hora.
Mais de 30.000 homens trabalharam em sua construção, que drenou o tesouro real por décadas, não apenas pela construção em si, mas também pelo desvio dos rios, canalizações de água doce e ainda na plantação de milhares de árvores de laranja para disfarçar o cheiro de esgoto que não puderam ser adequadamente tratados.
Os seus jardins foram uma obra de arte realizada ao mesmo tempo que a construção do castelo e tão importante quanto, com seus lagos, chafarizes, estátuas e fontes que exigiram um enorme movimento de terraplanagem para a construir beleza onde antes havia apenas mato, prados e pântanos.
Cada um dos três “Louis” que lá viveram (XIV, XV e XVI) até a Revolução Francesa acrescentou melhorias para torná-lo cada vez mais grandioso e mais bonito.