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Diário de um passageiro – Em Salvador, quando o táxi é mais caro que o avião

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Oitavo trecho

-> Aracaju – Salvador, 19 de Dezembro, voo 5515, Trip Linhas Aéreas

Vista aérea do aeroporto. Foto da Infraero

Os aeroportos de capitais têm uma particularidade curiosa – e necessária, por motivos estratégicos e de segurança de voo – mas que fomentou a criação de um mercado abusivo de transportes: alguns aeroportos ficam em cidades da região metropolitana, não necessariamente nas capitais, para onde segue o maior fluxo de passageiros. E por conta disso, criou-se uma máfia de cooperativas de táxi que, aliada ao poder municipal, tabela corridas não tão longas como extremamente caras.

É o caso, por exemplo, de Confins, sede do Aeroporto de BH. Confins fica a 40 km do Centro da capital; o caso de Cumbica, em Guarulhos, região metropolitana, de onde se vai para São Paulo não por menos de uns 30 km; ou o Aeroporto Internacional Deputado Luís Eduardo Magalhães, de Salvador, que fica dentro de Lauro de Freitas, a 40 km do Centro da capital. E curiosamente, já que o assunto é esse, acredite que o Aeroporto Viracopos, de Campinas, é sediado em Indaiatuba. Coisas do Brasil, a crise de identidades até em aeroportos.

Fato é o preço caro das corridas. Um verdadeiro assalto, e oficial. Assim como em Confins, Cumbica, Galeão e muitos outros, o passageiro fica refém da máfia dos táxis, respaldada pela canetada oficial das secretarias de Transportes municipais, que endossam a tabela inflacionada. Porque, claro, quem tem dinheiro para pagar passagem aérea, tem de sobra para a corrida do táxi. E é nessa brincadeira que chegamos ao cúmulo das tarifas. Em dois casos, paguei mais caro as corridas de táxi do que a própria passagem aérea. Em suma, você se desloca por até 40 km dentro de uma região metropolitana, para chegar ao seu hotel, e desembolsa R$ 120, ou R$ 150. Para voar entre duas cidades distantes quase mil quilômetros, em passagens promocionais paga-se apenas R$ 80, mais taxas da Infraero. O Brasil perdeu o rumo da roubalheira. E a Infraero fecha os olhos para o assalto quilométrico ao qual nos submetemos sem escolha.

De Confins para BH, paga-se até R$ 80. Do aeroporto Luís Magalhães – ou Dois de Julho, isso é uma disputa sem fim – desembolsei R$ 100 para o bairro Rio Vermelho. Já publiquei aqui que, do Galeão, internacional do Rio, para a Cidade Nova, logo ali perto, as companhias de táxi cobram estupendos R$ 76 – para a Barra da Tijuca, longe, obviamente, não sai por menos de R$ 200. Mas por isso o chamado mercado negro de táxis nestes aeroportos vigam tanto. Num taxímetro, essas corridas saem até 40% mais baratas!, pelo valor justo. Não é exclusividade do Brasil. Da estação de trem no Centro de Milão para o Aeroporto Malpensa, o cidadão não paga menos que o equivalente a R$ 200. O aeroporto é bem longe, coisa de 50 km de distância. Mas os serviços de táxi e do terminal são infinitamente superiores aos nossos.

Em serviços, a exemplo de outros, o Aeroporto Dois de Julho – ou Deputado Luís Eduardo Magalhães, para não dar briga – é similar aos seus “irmãos”. Bonito, espaçoso em certos salões e apertado em outros, é bem dotado de comércio variado, outro shopping, a exemplo do terminal do Recife. E, para variar, a passagem pelo raio x para o salão de embarque é um funil. O afunilamento na passagem pelo raio x é moda nos aeroportos brasileiros. Não é falta de espaço: é design ruim aliado à escassez de funcionários para o setor. Perde-se tempo e paciência.

A reposição de bagagens, de perder de vista. Mas serviço ainda é demorado
Afunilamento na passagem pelo raio x: moda nos aeroportos brasileiros. Não é falta de espaço: é design ruim aliado a escassez de funcionários para o setor

Fora isso, o terminal de embarque é bem distribuído, com vários fingers e salões espaçosos e limpos, com corredores de sobra para o trânsito de passageiros. No entanto, o grande movimento de aeronaves empurra a cada dia mais o passageiro para o transporte remoto. A Infraero dobrou em Salvador o número de ônibus que levam os passageiros até os aviões estacionados no amplo pátio.

No pequeno trecho, fotografei parte do pátio, a estatal soube aproveitar a área de 7 milhões de metros quadrados, mas o terminal parece ainda pequeno pela quantidade de passageiros/dia. E no mesmo trajeto descobri nada menos que 25 picapes novas e estacionadas num cercadinho do aeroporto, viaturas de fiscalização de pista e pátio “engaioladas” em Salvador. Desperdício. Segundo a Infraero, as picapes “estão lá porque lá fica a Superintendência Regional do Centro Leste. Estão em processo de inclusão no patrimônio para serem distribuídas aos diversos aeroportos vinculados àquela SR”. 

A "gaiolinha" das picapes. Cadê os 'pilotos'?

O voo para Confins decolou dentro do previsto. Ficou para trás o único aeroporto de dois nomes do Brasil,  e seu “acesso viário”, “que conta com um corredor de 800 metros cercado de bambus”, conforme relata o site da Infraero.

Até hoje não descobri o que o bambu tem a ver com o aeroporto. O país precisando de investimentos nos terminais e a Infraero exaltando a vegetação…

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A série abrange as viagens do repórter realizadas de 5/12 a 3/01.
Reproduzida no Congresso em Foco Correio do Brasil  e Opinião e Notícia 

1 comentário em “Diário de um passageiro – Em Salvador, quando o táxi é mais caro que o avião”

  1. Apenas para informar que o aeroporto de Salvador juntamento com a Basa aerea fica no municipio de Salvador e não em Lauro de Freitas. Quanto ao preço dos taxis voceis teem razão.
    Edson Telles

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