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Diário de um passageiro – O atraso de duas horas no país do Avião Parador

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Quinto trecho

-> São Luís – Fortaleza, 14 de Dezembro, voo 1643, GOL, 17h55

O voo saiu duas horas e meia atrasado de São Luís. Explicaram os atendentes da companhia que era um Boeing vindo de Manaus , onde houve problemas meteorológicos. Isso, oficialmente. A tripulação estava exausta, pela espera, antes de subir no jato. A torcida para um bom voo foi geral, até de quem não voaria e compartilhou com os passageiros os momentos de agonia.

O período que ficamos no salão de embarque ou na área externa, a do check in, foi suficiente para cada um fazer com tempo o que precisava. Eu encontrei um blogueiro amigo de São Luís. Um senhor ao nosso lado pediu que tirássemos uma foto sua, lendo jornal, para enviar à mulher, que o aguardava em casa. Dois comissários disputavam entre si e paqueravam a aeromoça com papos furados – simplesmente a mais bela que já vi, me perdoem as outras.

Muito dos atrasos hoje, a meu ver, devem-se às logísticas ruins das companhias aéreas ou ao mal tempo para voar. Um dia alguém inventou de culpar a Infraero. Logo, os comandantes, quando ligam o microfone para anúncios para os passageiros, na maioria das vezes atribuem à má estrutura aeroportuária seus atrasos. Reparem só.

De uma década até hoje, desde que a demanda no país deu sinais de que cresceria a jato e as companhias perceberam isso, as aeres inventaram o avião parador. Como o trem. Vai-se parando em estações-aeroportos. Entrando e descendo gente. Daí o barateamento das passagens. Do contrário, você pagaria muito mais por alguns trechos, principalmente os regionais, ou voos mais curtos. Tal como os voos diretos: note que os trechos sem escalas são sempre mais caros.

Companhias e Infraero, neste caso, entram num jogo de empurra interminável. Fato é que no Brasil, por conta do avião parador – e por outras situações, e aqui a incompetência em parte da Infraero não escapa também – o modelo nacional é um dominó mal montado, altamente perigoso e frágil. Se um avião pára, atrapalha todos os outros voos em série. Naquela noite, depois de desembarcar em Fortaleza, dei boa sorte à tripulação, que seguiria até a madrugada para outros três ou quatro destinos.

Fortaleza: Dos fingers, vê-se a fachada do terminal e a pista, olhando para trás

Com o título de Terra do Sol, orgulho de seus moradores, Fortaleza é uma cidade litorânea onde os pilotos pouco têm trabalho quando o assunto é tempo, teto, vento, visibilidade. Daí descer na capital cearense foi moleza – quando o comandante é bom. Quando não – ou o manche está nas mãos de um co-piloto em treinamento – sente-se o peso do corpo bater com o trem de pouso em pista, como se o seu coração fosse ao pé. De susto. É assim em qualquer pista.

O Aeroporto de Fortaleza é eficaz. Um dos mais bonitos e espaçosos (poderia ser mais) que conheço – embora não muito na área de esteiras. Na minha lista, se iguala a Congonhas, Santos Dumont e Recife. Bem montados, diria, para não cair no erro de apontá-los espaçosos por completo.

O bom espaço de circulação no setor de embarque
As poltronas reclináveis escondidas - no fim do setor de embarque

O terminal tem boa circulação no embarque e desembarque, os fingers são amplos e envidraçados – dão a sensação de que está em terra firme, ao contrário daqueles “enlatados” do Galeão que te dão a impressão de que está num prolongamento do avião cujo corredor é uma feira de marcas.  Por acaso descobri, no embarque, um canto com poltronas reclináveis, instaladas para conforto dos passageiros com conexão demorada, ou atrasos prolongados. (Fizeram falta em São Luís). Outras destas fui encontrar no Recife, em maior número. Uma ideia boa, mas que ainda atende a poucos. As de Fortaleza estavam vazias porque se encontravam escondidas no fim do terminal de embarque, atrás de uma parede. Uma pena. Erro de localização, ou proposital.

A área de check in é boa, ampla, mas faltam melhores acessos ao segundo piso, para o portão de embarque. Isso faz com que os passageiros se aglomerem mais na escada rolante. O portão também é um funil, como muitos outros. Dali, o cidadão encontra a fila única cuja velocidade depende do bom humor dos funcionários do raio x. Ou, principalmente, do número deles.  Havia passagens desligadas.

Fila única para o embarque doméstico

Meu próximo destino, Recife, teve o voo confirmado para o horário. No sistema de som, ouvi a chamada para um dos voos com duas escalas. Sortudos, aqueles. Certa vez, ao pousar em Brasília, o avião ainda taxiava quando o comissário informou que os passageiros com destino a Juazeiro, Palmas, Teresina, São Luís, Fortaleza, Recife e Aracaju permanecessem a bordo. Viva o país do Avião Parador!

A série abrange as viagens do repórter realizadas de 5/12 a 3/01.
Reproduzida no Congresso em Foco Correio do Brasil  e Opinião e Notícia 

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