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Brasília - 10 de novembro de 2024 - 14:33h
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Os BRICs continuam em ascensão?

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Por Marcos Troyjo *

 A ideia de BRICs emergiu nos últimos 10 anos como conceito relativo ao futuro da economia. Projeções que, turbinadas por sua demografia e expansão do PIB, mudariam o eixo dos mercados mundiais. Essas grandes nações (Brasil, Rússia Índia e China) alcançaram status de “usinas de crescimento”. Ascenderam já que nas últimas duas décadas conseguiram se adaptar exitosamente aos contornos cambiantes da economia global.

Num mundo em que a geração de empregos é a chave do sucesso econômico e social, esses países foram capazes de trilhar caminhos alternativos de modo a que suas economias estivessem sempre ocupadas na produção de conteúdo local. O crescimento liderado por exportações da China; a expectativa dos benefícios de uma economia em transição para o mercado na Rússia; o empreendedorismo tecnológico e popular na Índia, e a “Substituição de Importações 2.0” do Brasil mantiveram a economia aquecida e as tensões sociais mais arrefecidas.

O futuro dos BRICs como motores do crescimento global residirá não tanto em como esses países de adaptam à economia, mas como eles a moldam. Tal “transmutação econômica” implica que estes países evoluam da condição de eficientes “camaleões” (sobretudo mediante políticas industriais e de comércio orientados para a noção de conteúdo local) em direção a converterem-se em “vetores” de conhecimento e inovação.

Nesta trajetória, o conceito de BRICs não poderá se resumir apenas a considerações de natureza econômica. As quatro gigantes nações perderão espaço na corrida pela competitividade no século 21 se fiarem-se tão-somente ao peso relativo de sua demografia e à noção de que a conjuntura internacional do último quarto de século – que permitiu a ascensão dos BRICs – continuará a mesma nas décadas por vir.Será interessante observar como esses países articularão sua projeção de poder, influência e prestígio à tarefa da continuada prosperidade econômica.

Será no entanto um equívoco supor que a China assumirá grandes responsabilidades globais – que seriam naturais a uma função de liderança. O projeto de poder chinês estará dimensionado sobretudo à sua vizinhança geopolítica asiática. A China não se expandirá, mantendo-se “desinteressada” dos grandes temas político-militares globais. Reterá no entanto em seu discurso suas pretensões quanto à (re)união com Taiwan. Ou seja, uma “Absorção Concêntrica” do entorno à força centrípeta de Pequim. A China só projetará poder na medida em que não se crie uma tensão com seu projeto de prosperidade. Mudança de DNA para a China significa deixar de ser uma “Nação-Comerciante” para tornar-se uma megaprodutora de bens de alto valor agregado.

O Brasil não busca irradiar poder, mas prestígio. Entende que para tanto o status de membro permanente do Conselho de Segurança da ONU é escala obrigatória. Em temas mais amplos da cena global, continuará com sua equilibrada política baseada em “princípios” (e não em realpolitik) e no multilateralismo. Liderará a cooperação regional via a União Sul-Americana de Nações, a UNASUL. Mudança de DNA no Brasil significa fazer com que os ganhos de produtividade e curvas de aprendizado da Substituição de Importações 2.0 criem as bases para um país denso em tecnologias e inovação.

 

 

Diretor do BRICLab da Columbia University e professor do Ibmec

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