Número de desempregados no pequeno município pode chegar a 1.500; Boa parte do comércio e hospedagens dependia dos turistas e fiéis
A pequena Abadiânia, de 19 mil habitantes em Goiás, vive dias de agonia após a prisão do médium João de Deus, cuja Casa Dom Ignácio de Loyola, que comandava em sessões de cura espiritual, movimentava mais da metade do PIB do município.
A Prefeitura renova este mês o cadastro das 69 pousadas – e estimativas de fontes apontam para fechamento de mais de 50 delas. Números extraoficiais indicam 1.500 os desempregados do comércio e hospedarias após a debandada de fiéis e turistas. Na rua que dá acesso ao centro espírita, apenas uma revenda de açaí e uma cafeteria (à venda) sobrevivem. As informações são apurações da Coluna junto a moradores e Prefeitura.
Para piorar a situação já tensa, a concessionária Triunfo, que administra a BR-060 (Brasília-Goiás) que corta Abadiânia, estuda o ‘rebaixamento de nível’ da pista no perímetro urbano – em que novo trecho seria ‘cercado’ por muro ou desnível gramado, sem visão da cidade pelos motoristas da via, segundo fontes relataram.
Pelo contrato de concessão, a concessionária é obrigada a cuidar de varrição, calçamento e asfalto do perímetro urbano, coisa de R$ 100 mil/mês que seriam economizados com o ‘rebaixamento’ da pista. Não conseguimos contato com a Triunfo.
Acusação
João de Deus é acusado pelo Ministério Público de assediar sexualmente, nas últimas décadas, mais de 300 mulheres que frequentaram a Casa Dom Ignácio de Loyola.
Alguns turistas ainda visitam Abadiânia, cientes do escândalo – uma média de 300 por mês, conta um comerciante sob anonimato. Para eles, é o lugar (a Casa Dom Ignácio) com cristais subterrâneos, e não somente o médium, quem energiza as pessoas em suas orações.
Contam moradores que o lugar exato da Casa foi indicado para construção décadas atrás pelo também médium Chico Xavier, em visita à cidade e a João de Deus, por conter energia de cristais no subsolo. Algo muito importante na visão de espíritas.